quinta-feira, 24 de maio de 2007

BANANADA 2007: Ressaca Eterna.



( por-Leticia Espindola)



fotos:
Leticia Espindola


Sexta-Feira

Se as longuíssimas 12 horas de ônibus para Goiânia me pareceram poucas, deve ter sido pela ansiedade de participar mais uma vez desses rocks doidos que rolam na capital do Goiás.

Chegamos de manhã, onde já nos encontramos com a galera do Coletivo Rádio Cipó e o grande Mestre Laurentino (82 anos de rock and roll), e rumamos para o hotel tudo isso coordenada pela ótima equipe de receptivo do festival.

Almoçamos o que há de melhor da comida regional e já ali sacamos uma galera que não conhecíamos e outras das antigas. Daí pra frente foi tudo um “mix de emoções” (parafraseando o Rui, do rádio cipó), um monte de bandas, de gente, de jornalistas, produtores e roqueiros doidos pra todo lado. “Que banda tu toca?”, “De qual cidade?”: perguntas desse tipo deram inicio a várias conversas na tarde dessa última sexta.

Chegando ao festival só deu tempo de ver Sangue Seco, banda punkona de Goiânia mesmo, Eduardo Mesquita o engraçadinho inimigo do rei é o frontman dessa parada louca e engraçada, puta show legal com homenagem das grandes tocando “dig up her bones” no final.

Aí foi a vez do Dimitri Pellz mostrar à que veio. É claro que de cara o Luiz estourou uma corda, mas nada que não fosse resolvido, continuando assim, o que vários depois chamaram de grande surpresa de sexta-feira do festival. Não que os campo-grandenses não reconheçam a genuinidade da banda, mas foi muito bonito ver ao longo do show os goianos e os demais presentes delirando com as citações kerouack e bukowiskianas. Tá, grande parte do delírio se deu pela simpatia de praxe da Maíra, né?

Depois de todo êxtase de entrevistas filmagens e elogios para o Dimitri, consegui ainda pegar um pedaço do show dos cariocas do Super Hi-Fi, mó rockão louco, eu que perdi motorhead há alguns dias atrás, tive uma dose de rock boa ali naquela hora. Ouvindo a frase que seria repetida várias vezes no resto dos dias: “O FILHO É TEU PORRA!”.

Naquela lenga lenga de tomar cerveja e rever velhos amigos, só consegui ver 1 música do devotos, a velha e famosa “Eu Tenho Pressa”. Não sou fã da banda, mas o público foi um show a parte, caloroso pra caralho a todo tempo.

E agora, como arranjar palavras pra descrever o Mestre Laurentino, que foi a maior atração do festival? Oitenta e dois anos de rock and roll, o homem que já viajou o mundo tudo mas não vai à América! Oitenta dois anos, cachaçando, dançando e fazendo stage dive em vários momentos até o fim dos shows. Esse é o grande cara

que os camaradas paraenses do Coletivo Rádio Cipó tem na mão. Uma grande figura!

Shakemakers é uma puta festa ao melhor estilo goiano, aliás isso é o que eles melhor sabem fazer.

Marcio Jr. Com seu clássico terno de veludo encabeçou o melhor show da noite, opinião que eu compartilho com a maioria, com certeza. Eu não tinha nem idéia do que seria essa nova “fase” do Mechanics, com novo guitarrista e cd lançado junto com livro. O que eu posso dizer? O supra sumo do rock and roll. Marcio, Little John, Jaime, o novo guitarrista e o publico inteiro perderam a cabeça e o juízo antes da coisa começar. Quem viu, viu. E no fim, bis com “sexy misery machine”, formando um puta puteiro no palco com todos ali presentes.

Depois disso, só me permito dizer que tomei o pior whisky do mundo com ótimas companhias, noite a dentro no hotel.

Sábado

Graças ao péssimo whisky, não consegui acordar pro almoço que mais parecia uma confraternização de roqueiros, e fui salva pela Maíra que me trouxe uma bela marmita de Feijoada pro hotel.

Alimentada e revigorada, fui caçar o que fazer, e lá estávamos nós reunidos à beira da piscina do hotel, quase nos sentindo rockstars. Quem passou tarde conosco também foi o Marcio da Rolling Stone, a galera do 2fuzz do ceará e os caras da trama virtual, todos visivelmente ressaqueados.

Chegando ao segundo dia de festival, dei uma sacada na galera do 2fuzz, rock alternativo muito bem tocado.

Depois rolou a banda com o material gráfico mais do caralho, eu vi no festival Black Drawing Chalks, que não deixou nada a desejar com o show também.

A piada mais contada simultaneamenta da história do rock foi: “vamos ver o vamoz?”.

Infame eu sei, mas até ali, entrei no clima da piada e fui ver a banda de recife, que confesso, não tinha feito muito minha cabeça em 2003. E aí, a surpresa aconteceu, o chamado “Damned rock and roll” dos Vamoz pega fogo MESMO! Pau duríssimo, show de rock até o fim, totalmente diferente do que eu lembrava do show de 4 anos atrás.

“Nasceu o Leãozinho” foi a piada e apelido carinhoso aos Born a Lion que vieram direto de Portugal, sabe-se lá esperando encontrar o que, e o que eles tiveram foi a mostra de como o público goiano e brasileiro é caloroso. Para retribuir, fizeram o melhor show da noite e segundo melhor do festival. Eu que não fazia idéia do que esperar, recebi uma explosão de garage/primitve blues/loucura sei lá das quantas de um baterista que é vocalista e que tem muito mais energia do que qualquer frontman por aí. Em conversas posteriores, descobri que o Legendary Tiger Man participou da gravação cd dos Leões e entendi beeeeem suas influências.

Depois do furacão dos Leões Portugueses, só tive fôlego pra ver o MQN, aquela formula de goianos+rock+putaria+diversão+loucura, tava só começando e aí veio o Fabrício Nobre com seu quase “exercito” roqueiro. Nego cai no chão, levanta, rola, grita, dança, descamba loucura em geral no dia seguinte tem até stage dives filmados aparecendo nos “youtubes” da vida. Nada que seja novidade pra quem já é fã de MQN há algum tempo.

Mais outra noite no hotel, dessa vez com Vodka boa, cerveja ruim, pelo menos a ressaca foi bem menor.

Domingo

O que não salvou de me acordarem ao som de UDR e com o sol goiano diretamente na minha cara, bando de filho da puta! Depois de mais um almoço cheio de delícias regionais, fomos passar o tempo no hotel, de novo na piscina, onde a conversa foi chegar até no espiritismo e vida alienígena, graças a galera da bizz e os born a lion, todos em trajes de banho. Onde foi eleita a melhor receita de cura ressaca do festival: Sauna, Ducha, Piscina e por aí vai. Eu que não sou muito corajosa não comprovei.

Cheguei no Martin Cerere direto pra ver o show da paulista Slot, que mais parece banda vinda lá do outro lado, bando de japoneses loucos, tocando uma sonzeira bem legal com direito a uma cover do supersuckers. Obrigada pela indicação, Eline!

Galinha Preta, hardcore de Brasília. Pra quem ta acostumado a ver DFC, Deceivers, Macakongs, foi fácil ver Galinha Preta, pois eu já sábia que em Brasília a negada sabe do que ta falando. Show muito bom e engraçado.

Perdi algumas várias bandas e fui parar direto no show do Elma(SP), por causa de outra indicação vinda do Pulga. Banda instrumental pesadíssima, público atônito vendo aquela loucura, com o baterista de movimentos e viradas simples, mas totalmente insano.

Daí pra frente foi só coisa bonita. Eu como boa fã, fui para pertinho do show da Graforréia Xilarmônica, os gaúchos que eu nem tinha muita esperança de ver. Que show mais bonito, e apesar de não ter tocado “Baby” (minha favorita), o Martin foi abaixo com os “hits” “Eu”, “Bagaceiro Chinelão” e “Amigo Punk”.

Tive que perder a última música da Graforréia por um ótimo motivo: Me colocar pertinho do show de Daddy-O Grande & The Dead Rocks. Não, não eram os Straitjackets, mas foi tão alucinante quanto. Ali sim, o melhor show do Bananada 2007. Os Dead Rocks são tão teatrais que dão um show a parte. “Sleepwalk” foi um clima de confraternização coletivo, coisa bonita de se ver. Acabou o show do Daddy-O, depois de um bis implorado por todos do público.

Era hora de ver o quão insano o menino João Lucas é, e sai de perto quem não quer energia. Porque Johnny Suxxx and the Fucking Boys é energia e rock de sobra. Tanto, que não sobrou quase nada de mim. E o que sobrou a Rollin Chamas fez questão de tirar sem dó nem piedade. “Sou goiano e FODA-SE!” é o lema desses loucos que

tiveram até churrasco ali, no palco, liderados por aquele vocalista que parece um Marc Bolan louco do cerrado.

Fui embora extasiada da última noite de festa. Tomando cerveja e trocando receitas no quarto de hotel, terminei minha estadia em “Goiânia Muito Rock City”.

Obrigada aos Goianos, Fabrício Nobre, Léo Bigode, Marcio JR, Léo Razuk, João Lucas, Pablo Kossa, Eduardo Mesquita e todo o resto por ter uma cena rock tão massa.

Obrigada novamente ao Marcio por ter terminado o promo do Dimitri Pellz a tempo de ser lançado junto ao show.

Obrigada às bandas de fora que já viraram amigas e as outras também.

Obrigada aos jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, que estão fazendo com certeza um trabalho melhor que eu aqui, tentando ilustrar um pouco dessa insanidade coletiva que foi o Bananada desse ano.

E para deixar claro que não sou uma boazinha ou contente com qualquer coisa, as bandas que não foram citadas ou eu não gostei, ou eu não vi. E que culpa eu tenho se nosso novo rock é tão bom?

Eu vou dormir, por três dias sem parar, mas com certeza a seqüela desse festival será irreparável.

E que venha mais rock!